V – Os Transportes
Passam autocarros
Passam táxis
Passam pessoas
Espera-se e espera-se
Aí vem o próximo
Passam pessoas
Passam paisagens
Passam transportes
De quem asseia por casa
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IV - A Noite
Luzes de mil cores
E o tempo que congela
Vadios de rumo certo
Olhares ansiosos e vorazes
Apetites loucos à solta
Um sentimento de desconhecido
A cada esquina conhecida
Nos estranhos companhia
Que nos leva a estranhar
E abandonar a razão que temos
Grupos que crescem mesmo que apenas por horas
Horas que passam sem se verem
Véu negro que clareia
Passagem para o amanhã
Renascer da alegria
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III - Fim de Tarde
Sentir a brisa do fim de tarde
Os raios mortiços
De um sol que está de partida
O rebuliço das gentes
Que se vai com o calor
E o calor das gentes nos bares,
Que aumenta com a escuridão.
O ar sorridente
O ar cansado
O ar pesado
O ar carente
O ar de toda essa gente
O ar que tenho em mim.
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II - Os Cafés
Há gente estranha
Que ocasionalmente olha para mim.
Estranhos não por serem esquisitos
Estranhos por serem diferentes.
Os muros que erguem são altos
E maciços, mas ali, na aragem do final de tarde
Sentimos os ventos da liberdade
E vemos o sol
Por entre as falhas dos tijolos.
É ali,
Com as suas bebidas e comidas
Do que para mim é o final do dia
Para eles o começo da noite
Que os vemos como são
Em amena conversa
De olhar agressivo.
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I - Os Passeios
Percorri como um vulto as ruas da cidade
Calcorreando os negros caminhos de pedra
E abrigando-me do calor do sol
Em sombras de centenários prédios.
Cada passo era um passo já dado
Por outros, noutros tempos,
Mas eram mesmo assim passos originais…
Percorri com um vulto as ruas de que falo.
Sentia-o sempre ali ao meu lado
Calado, a tentar não me dar importância,
Mas a conduzir-me
Por ruas e vielas de outrora
Por entre gentes e culturas de agora.
O sol alto aquece-me os passos,
Só as palavras são frias,
Porque frio é o ar que vem do mar,
Que me desperta os sentidos
Que me faz olhar em redor
Que me faz esquecer o calor
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