Contos do Exílio - O Regresso, parte V: O Confronto
O dia amanheceu claro. O sol brilhava por entre as ramagens e no ar pairava um aroma fresco a orvalho, apesar de a vegetação estar toda ela seca e a própria terra dura, de há tanto tempo não ver gota de água. Quando Aprendiza abriu os olhos, a primeira coisa que viu foi o enorme corvo que a olhava. Ficaram assim por uns instantes, a olharem-se olhos nos olhos, até que o enorme pássaro levantou vôo e veio pousar junto às cinzas fumegantes do que na véspera havia sido uma fogueira. Levantou-se e assim que olhou em seu redor viu o campo deserto, mas por entre as árvores corria um leve assobiar. Pegou na sua vara e dirigiu-se para a origem do som.-Está-se a tornar um hábito andares sempre na defensiva! - ouviu o seu companheiro dizer-lhe quando chegou junto dele.
-Sintomas dos últimos tempos... - lamentou-se.
-Fazes bem, mas olha que isso de estares sempre tensa e retesada não significa que estejas em condições de te defenderes.
-E o que é que tu sabes disso? - ele, sem dizer nada, olhou para ela sorriu lançou-se a ela, retirou-lhe a vara das mãos e executou um movimento de ataque que só parou junto ao joelho direito dela! Ela ficou a olhar pasmada, mas não disse nada.
-Ontem ainda andou gente no teu campo. Uma mulher para ser mais exacto.
-A Discípula!
-Não. A Discípula está no Grande Vale - calou-se por uns instantes -, mas de facto é alguém parecido com ela...
-Estás a falar do quê?
-Das pegadas.
-Pegadas? Neste chão duro?
-Olha para o chão debaixo dos teus pés e diz-me que não deixas lá nenhuma marca.
Levantando um pé, ela reparou que as ervas secas se apresentavam esmagadas, descrevendo com perfeição o local onde o seu pé havia estado.
-Pronto... Pegadas!
-Não sei quem foi, mas a direcção que tomou é aquela que nós também vamos tomar.
-Não regressamos à aldeia?
-Regressamos, mas podemos acompanhar o trilho nos primeiros passos uma vez que se dirige à montanha.
Acompanharam o trilho alguns passos mais do que os primeiros. Poderiam inclusaivamente tê-lo acompanhado na totalidade, se Exilado não conhecesse os atalhos da Montanha. Aprendiza por sei lado sentia um enorme fascínio por aquela figura que a guiava através de árvores e fragas, sempre caminhando em silêncio, com a sua figura alta a olhar o cume. Interrogava-se sobre o que se havia passado desde a última vez que se viram, o que ele havia visto, o que ele havia vivido e de tudo isso o que o havia transformado naquela figura silenciosa e soturna, que simultaneamente irradiava calma e confiança, como que se rodeado de uma aura de tranquilidade, enquanto que por dentro era corroído por uma batalha. Ele por seu lado não deixava de pensar, a cada passo firme que dava, sobre o que fariam quando chegassem à aldeia. Em particular o que ele faria! Tinha decidido dirigir-se à aldeia dos Caminhantes em primeiro lugar, eram o seu povo e recusavam poderes de fora. Por outro lado haviam já passado tanto tempo que receava ser visto por eles como alguém de fora. Era presos a estes pensamentos que continuavam Montanha acima, olhando-se ocasionalmente e rapidamente cortando o olhar. Quatro dias passaram na Montanha até finalmente chegarem à Primeira Clareira. Em tempo vivera aqui a tribo dos Nómadas. Era o primeiro de muitos campos que tinham, até chegarem ao Grande Vale, local onde passavam os dias quentes do ano. Nada restava desse campo glorioso exepto as cabanas e os restos de uma fogueira.
(continua)
Etiquetas: Barata, Contos do Exílio
3 Comentários:
Hum, esta crescente tensão sexual entre a Aprendiza tesuda... euh, retesada e o fiel Exilado (depilado?) está mesmo a pedir um texto na Penal!
"(...) os dias quentes do anos."
Se é para seres badalhoco escreve como deve ser, agora não disfarces.
Olhas as gralhas, caralho!
UUUUUps, foi do adiantado da hora, em regressando ao aconchego do lar já corrijo!
(Quanto ao texto da Penal, aguarda-se ansiosamente pela continuacão dos Contos do Vergílio!)
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