Segunda-feira, Junho 20, 2005

Morre Comigo

São as mãos vazias que te abraçam
Por entre os versos no chão deste
Teu poema.

Costumas dizer-me que a noite morre nos meus olhos
Como o amor
E o meu pânico cresce.
Como pode morrer o amor?

Há horas em que sei que o único abrigo
És tu com jarras de silêncio
Onde me desfaço
E noutras vezes
(tantas vezes...)
É na tua voz que me invento e renasço.

Porque o homem que procuro
No tempo vencido
É só um pouco mais de esperança
Nesta madrugada
Que me desenha
Outra insónia mais a magoar-me,
Outro dia a amanhecer
Que me alcança

Não adormeças.
Deixa as pálpebras em êxtase
Perturbar este silêncio
Que me invade
Como a solidão

E, depois,
Vulnerável e ferido
Deita-te a meu lado
Sem nome, sem música, sem mar
E morre comigo.

Vanessa Pelerigo

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