Sexta-feira, Dezembro 03, 2004

Inconsciente

“A razão chama por mim,

Na realidade do cansaço,

Na cama que desfaço,

Acaba mais um dia, enfim…”


Pelas ruas semi-vidradas do inconsciente vibram vozes nas janelas, nelas sorriem pessoas alegremente. São como tons de cristal a organizar a minha orquestra mental.
A melancolia, numa janelinha ao fundo, quebra a organização musical. Partem-se vidros em infinitos estilhaços como refugiando-se na sua pequenez. A janelinha aproxima-se transformando a melancolia em malvadez. Já não há pessoas a sorrir, apenas rostos a partir, escondendo-se do mundo, tentando refugiar-se nas suas origens, mas a dor acaba por derrotar-me a mim também.

“O coração olha para ti,

Na imaginação da dor,

Na cama uma chama de amor,

Acabo mais uma noite, sem ti…”

Ecos relembram-me do mundo imaginário, como um aviso. Talvez nem tudo seja imaginário, talvez nem tudo seja um sonho, talvez algum pessimismo… Oriento-me em direcção ao que não sou, ao que não acredito. O medo persegue-me e não desaparece… Tudo em mim enlouquece…


“Na escuridão olho pelo mundo,

E não o vejo,

Com um desejo

De querer sair do fundo…”

Sem nada a apoiar meu inconsciente tento adormecer novamente.

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