Segunda-feira, Novembro 17, 2003

Cabroac

Uma goteira pinga ao longe. O seu barulho ecoa por toda a galeria. É noite, ou pelo menos assim parece. O pequeno quadrado que serve de ponto luminoso deste isolamento parece já não emitir luz, pelo que presumo que o sol já se pôs. E é para o quadrado que me desloco, olhando o céu infinito...
Distingo claramente os planetas que já visitei e que agora parecem tão diferentes no céu limpo da noite de Cabroac... Os Cabroacs dizimaram estes planetas e as suas cores parecem esbatidas pela névoa que lhes tolda a superfície. Vejo ao longe o planeta Cirius á direita de Centrum, do lado esquerdo Salius, bem como pequeno planeta Kiria conhecido pelos seus abundantes recursos naturais, lembro-me bem... Abaixo Letanium e em agonia, com erupções constantes, Teloholla, um dos planetas mais massacrados pela invasão dos Cabroacs. mais á esquerda, o simples mas belo Daliaterus, nos seus tons de vermelho. a sua superfície parece estar relativamente intacta... Os Cabroacs nunca se interessaram muito em massacrar este planeta, talvez pela sua singularidade e pelo seu aspecto simples...
A calma da noite é subitamente interrompida por um imenso barulho; gritos e vidros a quebrarem-se e um fumo intenso que me sufoca. Arquejante, cambaleio uma última vez, até perder os sentidos...
Lentamente acordo e olho em volta. Já não vejo as paredes da cela... À minha volta um deserto; e ao longe os primeiros muros de uma cidade em construção...
Uma cidade que não conheço... Num mundo que não conheço.

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