Descanso
Apertar os últimos botões da camisaVestir o casaco preto elegante
Calçar os sapatos reluzentes
E atar com força os atacadores...
Contemplar o espelho na parede
Face estranha, pálida, fria...
Olhos raiados de sangue, mas calmos
Pentear-me com a escova já gasta...
Ataque de tosse, garganta seca
Talvez um último copo de água
Para saciar a única necessidade saciável...
Alívio momentâneo que passa depressa...
Assinar a carta com letra bonita
Não borrar a última assinatura
Com a lágrima não evitada que cai...
Chorar não ajuda, nunca ajudou...
Subir para a cadeira com cuidado
Arranjar a gravata com nó apertado
E prende-la bem alto e firme...
Respirar fundo, sentir a determinação...
Um pequeno salto em frente
Cadeira tombada para um lado
O mundo em suspenso, por um fio
No ar dançar aquecido pelo frio da morte...
Paz, finalmente,
Descanso, por fim...
Etiquetas: João
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